A Polícia dos Pobres na Inglaterra: Um Estudo da Assistência Social e Controle Social

 

Na história da assistência social na Inglaterra, a polícia dos pobres emergiu como uma resposta institucionalizada aos desafios associados à pobreza e à mendicância. Ao longo dos séculos XVI e XVII, à medida que a urbanização e a industrialização transformavam a sociedade inglesa, as autoridades enfrentavam uma crescente população de desfavorecidos, que muitas vezes recorriam à mendicância como única fonte de sobrevivência.

 

A polícia dos pobres, também conhecida como "polícia paroquial" ou "guarda dos pobres", foi estabelecida com o objetivo de controlar e monitorar os mendigos e desfavorecidos, além de aplicar as leis dos pobres. Estas leis, promulgadas em 1601 pelo Parlamento inglês, visavam regular a assistência aos necessitados e garantir a ordem pública.

 

No entanto, a implementação da polícia dos pobres muitas vezes envolvia o uso excessivo de autoridade e poder por parte dos agentes responsáveis. Os desfavorecidos eram frequentemente submetidos a tratamento injusto, humilhante e até mesmo violento por parte desses agentes, que exerciam um controle rígido sobre suas vidas.

 

Além disso, a polícia dos pobres muitas vezes resultava na internação compulsória dos necessitados em instituições de assistência, como casas de trabalho ou casas de correção. Nessas instituições, os residentes enfrentavam condições precárias, incluindo superlotação, falta de higiene e tratamento desumano por parte dos administradores.

 

Um dos aspetos mais problemáticos da polícia dos pobres era o seu papel na estigmatização e marginalização dos desfavorecidos. Ao serem designados como membros de uma classe específica sujeita a controle e supervisão, os pobres enfrentavam o estigma social e eram frequentemente vistos como moralmente deficientes ou preguiçosos pela sociedade.

 

Apesar de seus objetivos declarados de fornecer assistência aos necessitados e garantir a ordem pública, a polícia dos pobres frequentemente falhava em cumprir essas metas de forma adequada. Em vez disso, essa prática contribuía para a perpetuação da pobreza e da exclusão social, reforçando as barreiras entre os diferentes estratos da sociedade.

 

Embora a polícia dos pobres tenha sido gradualmente desmantelada ao longo do tempo, o seu legado continua a ressoar na história da assistência social na Inglaterra. Essa prática serve como uma lembrança sombria das injustiças enfrentadas pelos desfavorecidos e destaca a importância de abordagens mais humanitárias e inclusivas para lidar com questões relacionadas à pobreza e à justiça social.

 

A.O

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