Revolução americana – Controle Oculto
A Revolução Americana, que culminou na independência dos
Estados Unidos e na formação de uma nova nação, é amplamente vista como uma
luta pela liberdade e pelos direitos dos colonos contra o domínio britânico. No
entanto, por trás desse grande conflito e da subsequente criação da nova
república, existe um pano de fundo menos visível, mas igualmente significativo:
o papel dos mercadores da dívida — banqueiros e investidores que, longe dos
holofotes, exerceram uma influência considerável sobre o curso dos eventos e o
desenvolvimento econômico da jovem nação.
O mercador da dívida refere-se a banqueiros e investidores que
beneficiam da emissão e gestão da dívida pública. Estes indivíduos e
instituições frequentemente têm interesse em garantir que o governo continue a
recorrer a empréstimos e ao endividamento, uma vez que lucram com os juros e
com o controle dos títulos da dívida. Durante o período da Revolução Americana,
os principais atores financeiros incluíam tanto banqueiros europeus como os seus
representantes e agentes nos Estados Unidos.
A luta pela independência dos Estados Unidos exigiu um
financiamento maciço, algo que o Congresso Continental não conseguia garantir
sozinho. Num momento em que as colônias enfrentavam uma grave crise financeira,
os líderes americanos recorreram ao financiamento de banqueiros europeus e
americanos, alguns dos quais tinham ligações com os Rothschild e outras
famílias influentes.
A França, sob a influência de diplomatas como Benjamin
Franklin, forneceu empréstimos substanciais para os colonos americanos. Embora
a família Rothschild não fosse o principal credor, a rede de banqueiros
europeus ajudou a canalizar fundos essenciais para o esforço de guerra. Este
apoio financeiro não era apenas uma questão de generosidade; estava também
vinculado a interesses financeiros e estratégicos. Banqueiros e investidores,
ao fornecerem capital, tinham um interesse oculto em garantir que o novo
governo americano adotasse políticas que favorecessem os seus próprios
interesses financeiros. A dependência dos empréstimos estrangeiros deixou os
novos Estados Unidos vulneráveis à influência financeira internacional.
Após a independência, os Estados Unidos enfrentaram o
desafio de estabilizar e consolidar a sua dívida. Alexander Hamilton, como
primeiro Secretário do Tesouro, propôs a criação do Banco dos Estados Unidos
para resolver essas questões financeiras.
O Banco dos Estados Unidos, criado em 1791, foi estabelecido
para gerenciar a dívida pública, emitir moeda e facilitar o comércio. Os
banqueiros, incluindo aqueles associados aos Rothschild, estavam interessados
em garantir que o sistema financeiro emergente fosse favorável à sua influência
e aos seus interesses. Embora não houvesse um controle direto, os interesses
financeiros globais desempenharam um papel importante na configuração das
políticas econômicas e financeiras dos EUA.
O plano de Hamilton para o banco central refletiu em parte
as práticas financeiras europeias e o desejo de estabilizar a economia
nacional, garantindo ao mesmo tempo um ambiente favorável para investidores e
credores. A consolidação da dívida e a estabilização financeira eram, em parte,
respostas aos interesses e pressões dos mercadores da dívida.
A influência dos mercadores da dívida não se limitou apenas
ao financiamento da guerra ou à criação do banco central. A forma como a dívida
foi gerida e como os sistemas financeiros foram estabelecidos refletiu uma
interação complexa entre interesses financeiros e necessidades governamentais.
A gestão da dívida e as políticas econômicas resultantes
moldaram o desenvolvimento dos Estados Unidos e as relações financeiras
internacionais. As decisões tomadas durante este período tiveram um impacto
duradouro sobre a economia americana e sobre o papel dos investidores
internacionais.
O controle exercido pelos mercadores da dívida era
frequentemente sutil e não explícito. A influência dos banqueiros sobre as
decisões políticas e econômicas muitas vezes era dissimulada por meio de
estratégias financeiras e empréstimos, deixando um impacto profundo sobre a
trajetória da nova nação sem uma visibilidade clara.
A Revolução Americana não foi apenas uma luta por
independência e direitos, mas também uma arena onde os interesses financeiros e
mercadores da dívida desempenharam um papel crucial. Enquanto os eventos
históricos são frequentemente contados a partir de uma perspetiva política e
social, o impacto dos banqueiros e investidores na criação do sistema
financeiro dos Estados Unidos é uma lembrança de como a influência econômica
pode moldar o curso da história.
A compreensão da influência dos mercadores da dívida oferece
uma visão mais completa e rica sobre os fatores que moldaram a Revolução
Americana e o desenvolvimento dos Estados Unidos. Revela como interesses
financeiros e econômicos podem atuar por trás das cortinas para moldar o
destino de nações e povos.
A.O
Fontes:
Joseph J.
Ellis - The Founding Brothers: The Revolutionary Generation
Charles W.
Calomiris e Stephen H. Haber - The Economic Aspects of the American Revolution
Lin-Manuel
Miranda e Jeremy McCarter - Hamilton: The Revolution
Ron Chernow
- Alexander Hamilton
Gordon S.
Wood - The Creation of the American Republic, 1776-1787
Robert E.
Wright - Money and Banking in the American Revolution
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